Nancy-Strubbe

um blog a fingir que é

O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. ......... Fernando Pessoa

A minha foto
Nome:
Localização: Lisboa, Portugal

quem sou? - é irrelevante neste espaço

máscaras minhas:

paper life - vida de papel

at faustwork

1/16/2006

como eu o entendo

menachem reiss

ou julgo entender.amarrada que estou de pés e mãos a este meu país a apodrecer.



Os sapatos.

Enfio os mocassinos do meu tempo nos pés
e piso a senda lenda dos meus antepassados.
Hoje, sou eu que passo o cabo das tormentas nos cafés
quando vomito a Índia nos lavabos.
Se Egas Moniz foi herói
duma bravata bonita
eu sou quem paga o resgate
da história que me limita.
A linda Inês dos meus olhos
foi reposta em seu sossego
não há hidroenergia
que ressuscite o Mondego
não há barragem que estanque
o nosso caudal de medo
não há sonho que levante
o sonho que é hoje infante
na ponta dum pesadelo.
Ai flores Ai flores de lapela
flores de plástico e de feltro
filigrana caravela
que estás cada vez mais perto
filha de Vasco da Gama
dado como pai incerto.
Partem tão tristes os pés
de quem te arrasta consigo
tão andados tão modernos
tão vazios de sentido
tão queimados deste inferno
que têm as solas gastas
e o caminho puído.
Partem tão tristes os pés
de quem te arrasta consigo


passeiam
andam
desandam
param
perseguem
persistem
caminham
calculam
correm

doem detêm desistem.
Partem tão tristes os tristes
tão fora de chegar bem.


J. C. Ary dos Santos

1 Comments:

Blogger LUIS MILHANO (Lumife) said...

Tens um dom. O condão de transformar o branco das páginas, salpicadas pelas tuas palavras, em algo que nos perturba. Que nos atrai e que pede mais e mais. Mesmo a fingir é tão profundo, tão apetecido.

Fico feliz por te saber sempre em pleno acto de criação. Falta-me o engenho mas também sou um pouco assim. Cada dia, para mim,
é um novo dia e nele terá de haver nova obra . É como me sinto bem.

Beijos

16 janeiro, 2006  

Enviar um comentário

<< Home

html>