Nancy-Strubbe

um blog a fingir que é

O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. ......... Fernando Pessoa

A minha foto
Nome:
Localização: Lisboa, Portugal

quem sou? - é irrelevante neste espaço

máscaras minhas:

paper life - vida de papel

at faustwork

2/28/2006

nascem flores


no meio do meu desencanto.

branco rosa

e sombras.

2/27/2006

mansardas com vista para o rio

reflexo


a última foto antes de o virús me atacar.

2/25/2006

flores de inverno

2/24/2006

e porque é carnaval



aqui vos deixo a escada do Poder.

cuidado com a gripe, pombinhos!


ainda não há sombra no triângulo de romanzeiras bravas, sobra-lhes o banho para arrefecer.

2/23/2006

Bom Dia!





2/21/2006

não deixem

que me arranquem as raízes.




deixem que elas morram

naturalmente

ao sol

2/19/2006

pelos sons e cores do temporal

cheguei à cúpula.





estava escuro demais.

2/14/2006

o meu fantasminha de estimação

segue-me para todo o lado



excepto para o trabalho. aí muda de direcção. que raiva!

hora de almoço à beira rio





poder voltar à outra margem, com a mesma idade e os mesmos sonhos...

2/13/2006

e a vida renova-se

2/12/2006

amanhã


à mesma hora, o sol estará mais alto. terei mais umas horas para viver.

nesta arcada


dormem os sem abrigo do meu bairro que já não cabem nos bancos do jardim, ou são velhos demais para suportar o vento que lhes vem do rio.

2/08/2006

fumo branco


Habemus Papa?

antecipando a Primavera

cipreste ao meio-dia


duas vidas

2/07/2006

trança em azul

abraço a abraço




o cacto


Aquele cacto lembrava os gestos desesperados da estatuária:
Laocoonte constrangido pelas serpentes,
Ugolino e os filhos esfaimados.
Evocava também o seco nordeste, carnaubais, caatingas...
Era enorme, mesmo para esta terra de feracidades excepcionais.

Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz.
O cacto tombou atravessado na rua,
Quebrou os beirais do casario fronteiro,
Impediu o trânsito de bonde, automóveis, carroças,
Arrebentou os cabos elétricos e durante vinte e quatro horas [privou a cidade de iluminação e energia:

- Era belo, áspero, intratável.



Manuel Bandeira.

a aparição

2/04/2006

a rua estreita


a rua estreita alarga-se com a voz, límpida, desta minha vizinha.

a vida dela é exposta como a roupa lavada a corar ao sol.

passe lá quem passar, digam o que disserem, ela nem dá por isso de tão acostumada a bairros de gente metediça. já os avós nasceram por aqui. mas meta-se alguém com as filhas namoradeiras ou o marido...
é a festa total!

por detrás das discretas janelas não há quem não se ria ou comente ao ouvi-la.
querem roupa lavada? é só passar por cá.
hoje havia silêncio estava a pôr-se o sol. não é boa a hora. só lá para mais tarde, depois do jantar e do cafezinho que é indispensável faça sol ou chuva.

mesmo ao lado, há a casa de azulejo davizinha rica da rua. vaii esquiar à Suiça e só fala comigo e donos de loja. pensa que sou como ela porque sei falar. talvez nem seja isso: mais ninguém lhe fala.



a não ser a vizinha do lado que não tem papas na línguae responde à letra.


- tem dinheiro? e eu sei onde a família o foi arranjar!

escurece um pouco.

- dona...

viro-me de máquina na mão.

- boa noite, Jaime.

- tem um cigarrinho?...

vestiu-se a rigor para ir para a colectividade. já está turvo. ou será da máquina? ou será a vida do Jaime que há muitos anos já se desfocou?


- tenho sempre comida, dona. sou organizado. o meu irmão dá-me peixe e carne e eu cozinho. num dia uma coisa noutro dia outra. sou poupado. não dá é para os cigarros... não chega para nada a pensão.

vai olhando a janela, de roupa ainda estendida, a corar ao luar.

quando os dois se encontram, é sarilho certo. histórias já antigas. quem provoca quem?

mas isso é mais tarde. quando os copos já fizeram o trabalho árduo de os espicaçar, que isto é gente nada dada a brigas...

entro em casa.
rápido me esqueço.
onze e meia, a cadela já voltou da rua, fecho a porta à chave.

- tu tira-me esses olhos da rapariga ou levas com um vaso nos cornos que...

não resisto hoje e espreito, pela primeira vez, em 4 anos deste rictual.



o Jaime levanta a calça e mostra a perna magra enquanto dança no meio da rua, até agora em silêncio total.

- queres esta? queres esta? é boa não é?

os palavrões dançam como borboletas da noite em volta da luz. os vizinhos abrem e fecham janelas.

é sábado à noite. tempo de descontrair e por a roupa toda no estendal.

amanhã há sol outra vez. ela voltará a secar da humidade que, pela madrugada, nos chega do Tejo.

ia sendo atropelada por causa



de um casal indiferente à gripe das aves.

se o descobrir, não damos brinde a ninguém.

todos diferentes...todos iguais.

Fotosearch

A nice, calm and respectable lady went into the pharmacy, right up to the pharmacist, looked straight into his eyes, and said,

" I would like to buy some cyanide."

The pharmacist asked,

" Why in the world do you need cyanide?"

The lady replied

"I need it to poison my husband."

The pharmacist's eyes got big and he exclaimed,

"Lord have mercy! I can't give you cyanide to kill your husband! That's against the law!

I'll lose my license! They'll throw both of us in jail! All kinds of bad things will happen. Absolutely not! You CANNOT have any cyanide!"

The lady reached into her purse and pulled out a picture of her husband in bed with the pharmacist's wife.

The pharmacist looked at the picture and replied,

"Well now. That's different. You didn't tell me you had a prescription."

2/03/2006

um conselho amigo


quando lhe apetecer despedir os chefes, suba e


desça rampas até se cansar.


bata com a cabeça numa árvore dura, para não a estragar, até ver tudo inclinado




olhe para cima o mais que puder em busca de auxílio.



se ele não vier, é o mais comum, atire o seu cérebro para a reciclagem, tire-o pela raíz.



regresse ao trabalho. está pronto a entender um chefe, seja ele qual for, até a sorrir.

... porque não?

esta manhã senti-me como esta árvore.


teimando em ver o sol apesar de emparedada em mentes de cimento.

2/02/2006

A cidade é um chão de palavras pisadas


A cidade é um chão de palavras pisadas
a palavra criança a palavra segredo.
A cidade é um céu de palavras paradas
a palavra distância e a palavra medo.

A cidade é um saco um pulmão que respira
pela palavra água pela palavra brisa
A cidade é um poro um corpo que transpira
pela palavra sangue pela palavra ira.

my city at fotocommunity


A cidade tem praças de palavras abertas
como estátuas mandadas apear.
A cidade tem ruas de palavras desertas
como jardins mandados arrancar.

A palavra sarcasmo é uma rosa rubra.
A palavra silêncio é uma rosa chá.
Não há céu de palavras que a cidade não cubra
não há rua de sons que a palavra não corra
à procura da sombra de uma luz que não há.



Ary dos Santos

2/01/2006

Gato que brincas na rua




Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.


Fernando Pessoa


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